Quero

Nessa crise de se ater às primeiras páginas, ao primeiro encontro, às primeiras palavras, eu quero o que vêm depois, quero o silêncio que sobra depois de todos os discursos, trocar olhares conhecidos.

Na popularidade do experimento e do tocar e querer sempre o novo, eu quero me demorar mais um pouco nas mesmas coisas, não deixá-las escarpar antes mesmo de serem descobertas e destiladas.

Quando desapegar-se é o mantra da maioria, tido como bem supremo para evitar chateações e cultivar amor próprio, bem, eu só queria apegos - ainda que carregados de todos aqueles famosos riscos. Quero mais amor ao próximo.

Quero a ligação direta que revela interesses além do indireto revelado apenas em caixas de texto. Sair pra conversar. Quero a espera, a tentativa.

Nos diálogos de frases incompletas, desejos ocultos, intenções subliminares, eu quero o que se expõe, e grita nas falas, e muito mais nas ações. Eu quero a cara lavada, o corpo nu, a mente aberta. Quero o abraço que penetra a alma, acorda o que está adormecido. Quero noites em claro, dias nublados, dias que afogue o mal que ressurge, dias iluminados com a luz que nasce dentro.

Quero.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de Autor Desconhecido



0 comments:

Postar um comentário

 

Blog Archive

Visits