O que tenho a dizer

Não se machuque mais. Eu te garanto que o pior já passou. Sim, foi tudo um enorme pesadelo, porque foi real, nada partiu de uma ilusão ou exagero. Mas você acordou.

Você teve condições de levantar e assumir que não tinha como sanar todas as expectativas, nem de cumprir com aspirações dos outros a seu respeito. Você percebeu que talvez não fosse mesmo tudo o que gostaria, de ser o ideal de quem você tanto queria bem, e até descobriu que não era o ideal de você mesma. Você falhou. E isso não foi por desvio de caráter, má formação de princípios ou ausência de valores. Mas simplesmente por seu direito de errar. Sua não obrigação de saber sempre discernir ou agir. Sua incapacidade pra algumas coisas, aquela tal da inexperiência...

Ei, não se machuque mais! Você perdeu. E que assumir isso não seja uma forma de potencializar sua dor e martelar ainda mais para si seus arrependimentos e falhas. Mas um meio de se aceitar, se perdoar principalmente. Para então descobrir mais um professor que suas escolhas te entregaram. Você é forte. Pois a fraqueza habita nos covardes que não tem cara para assumir suas falhas e perdas. E você não hesitou. Gritou: Falhei!!! Chorou: Falhei... Se perdoou: Falhei.

Não se machuque mais olhando para trás com esses pensamentos opressores. Chega de tomar essa culpa, beba outra coisa! Reconheça suas falhas como quem se dispõe a se entender, se conhecer e acima de tudo: não deixa a insatisfação alheia te sucumbir. É digna toda sua tentativa de acertar e dar o melhor de si, mas nem sempre você vai conseguir. E isso não é um mantra para entregar perdão gratuito a quem lhe faz mal, a quem te machuca, mas um mantra para pegar leve com você mesma, e não se matar por seus erros. E criar um escudo capaz de impedir que os outros te maltratem com toda insatisfação que te entregarem, com os olhares lançados, carregados de desaprovação, julgamentos ou pedras. Chore suas falhas como quem se assumi e ao mesmo tempo se consola, na certeza de que em você está o melhor abrigo, o maior afago e a maior certeza de que você mesmo não sendo aceita, você se aceita. E se abraça. E se põe a tentar de novo, ainda que abandonando sentimentos e alguns objetivos.

Não se machuque mais. Não é sendo dentro dos parâmetros pré-determinados que vai conseguir o que quer e se fazer bem. A gente sabe muito bem que você se descobriu sendo a desaprovação de muitos. E que no pacote de tomar as rédeas da sua vida a recusa de muitos pode parecer maldição, mas é uma limpeza necessária. Pois fica nítido quem quer se manter do seu lado independente das suas fases, quem te quer bem, quem te aceita, sendo você quem é. E assim você pode manter-se próxima dos que estão interessados no seu bem, e se afastar dos que não.

Olha seu enorme coração! Poxa, quando você vai cuidar bem dele? Aprenda a dizer não, a dizer basta, a dizer chega. Seu coração precisa de alimentos saudáveis, não dessa combinação estragada de culpa e instabilidades. Culpas que você mesma carrega e a instabilidade de quem vêm e vai, bagunça e vai embora, de quem desistiu de você, e dos que não te enxergam bem. Se você não abandonar alguns sentimentos e colocar ordem nessa casa, você não vai conseguir estabelecer por completo essa nova fase. Mantendo esses sentimentos é como deixar as chaves com o passado e permitir que ele volte quando quiser, e tire as coisas do lugar nos cômodos que você arrumou, renovou, ou construiu. Tire as chaves das mãos do seu passado, ele não mora mais aqui. E sabemos claramente que os motivos de ser assim vão além das suas vontades. E que vontades traiçoeiras e teimosas você tem! Elas estão fazendo de você sua pior inimiga... Abandone-as, ou se afogue nelas, não há o meio termo. Por mais bonitas que suas vontades ou interesses sejam, algumas não te fazem bem, só sabem te enfraquecer, te deixam em más condições, a mercê dos outros. Engole todo esse presente e se sacia só dele! O futuro precisa de você sadia.

Eu gostei do que você começou a fazer, continue! Você merece ser feliz, ficar bem. Eu tenho muito orgulho de quem você está se tornando, do que está conquistando, do medo que você perdeu, dos ciclos ruins que você quebrou, da sua própria causa a que se entregou. Eu me orgulho dos seus pensamentos e objetivos. Eu te conheço. Sei os seus anseios, suas carências e capacidades.

Eu sou você. E é isso que eu tenho pra te dizer.


Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Colagem de Mike Apichella

  

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