Sua

Pra você eu tiro a roupa, fico nua, entregue. Eu me faço sua, ainda que as pessoas devam ser de si próprias. Mas pra você, faço até mais que isso. Tiro meus preconceitos, me desfaço de todo orgulho, me entrego nua de certezas e planos. Deixo você ver cada curva de insegurança minha, cada centímetro de quem eu sou deixo você tocar. Cada detalhe encoberto deixo revelado aos teus olhos, pois assim quero que você me contemple: inteira. Deixo-me aberta pra você explorar. Quero seu prazer além do meu corpo, do que visto e falo, quero sua vontade indo muito além do que é físico e possui forma. Dos segredos guardados me livro, pra que seu gozo seja completo, até arranco fora meus medos. E nessa entrega sem pudor, te dedico a melhor parte, pois você excita os melhores sentimentos. Montei pra você um guarda-roupa de peças transparentes, pra que suas convicções estejam sempre eretas pra mim. Sem reservas ou receios me dou, pra que assim você saiba onde está entrando e possa entrar cada vez mais fundo. Nessa exposição contínua de mim, quero provocar teu êxtase, tua loucura, bagunçar não só teu cabelo e tua cama, mas tuas certezas. Te levar pra fora do planejado ou definido. Balançar tuas convicções e provar a delícia de estar sempre se descobrindo. Quero transar nossas experiências e diferenças. E no final de cada foda, de cada posição nova, a gente possa dormir em paz e leves de tanto prazer. Tiro a roupa, fico nua, mas pra você faço muito, muito mais que isso.


Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Pinturas de Leonid Afremov (1955)