A verdade de si mesmo

Renunciei minha liberdade quando abandonei toda a minha capacidade de sentir. Ao colocar de lado os meus sentimentos, construí pra mim uma prisão amarga. Fiz parte de um ciclo que eu denunciava. Fiz parte de um meio que não me cabia.

Me entreguei a impulsos e venenos. Os impulsos me levaram aos extremos, agora me encontro no meio termo - ambos me conduziram a erros. Os venenos intoxicaram minha razão. E meu pensar ficou viciado às lógicas que julgo insensatas.

É tolice querer viver só de razões. O fato de ter explicações nem sempre explica. É tolice querer intensidade fora dos reais sentimentos que nos fazem vibrar, longe do que nos traz euforia e excitação, não há verdade. E a verdade de si mesmo, é o motivo de ser e alcançar qualquer coisa. A verdade de si mesmo é a razão mais serena e simples. A verdade em si, por mais dolorosa que seja, vale mais que qualquer sorriso.

Eu preferi sorrir e abandonar minha dor, preferi recusar minhas lágrimas, enxugando-as em panos passageiros. E sei que minha intenção foi pura e válida. Mas os panos que usei para enxugar minhas lágrimas, acabaram por sujar meu rosto. Ocultei meu coração, com ações descompassadas. E foi pura e válida minha intenção. Mas não consegui, me envolvi numa armadilha, lançando a frase mais falsa: eu não me importo - quando de fato, mais do que nunca, eu me importava. E nesse discurso, me perdi.

Não é preciso se perder para se encontrar. Um momento de lucidez vale mais que qualquer loucura envolvida em alienação. A sanidade nos permite ser quem somos, e quem queremos ser. Fora disso, não enxergo pretensões.

Retorno ao meu eu inteiro. Limpando meu corpo, ao ponto em que todas as janelas possam retomar o brilho da verdade em mim. E descubro que voltar às vezes é avançar, quando a direção que se estava não trazia a paz que se buscava.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de arinovfedyshin


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