Despretensiosa

Eu não quero olhares, não quero abraços. Não me venha com mais de uma intenção. Tenho meu direito de não querer insistir, de deixar ir, e não ficar aqui...

O que tanto queria, não quero mais, não quero agora. Ansiava por encontros, agora reagirei como quem foge, como quem não tem o que perder (e realmente não mais tenho), como quem esqueceu os sentimentos em casa e decidiu dar uma volta pra arejar a razão.

Que a terra absorva minhas ilusões, que o sol seque o meu rosto e me aqueça na saudade. Que minha memória não me perturbe, para que nenhuma lembrança me resgate.

Sempre desejei. Agora eu não sei mais querer. Dá-me um tempo de paz, um tempo sem outros, me dê o direito de me ausentar. Sem esperas, sem sonhos, apenas com alguns planos simples, que dependam apenas de mim. Sem possibilidades, quero meus pés firmes.

Fazia as coisas acontecerem, expondo-me demais, entregando-me sem perceber. Amando a ideia de estar apaixonada, até concluir: cansei. Eu que antes me escondia do frio lá fora, me encontro fria aqui dentro. Não me traga motivos. Não cultive vontades. Não imagine coisas.

Quando ele olhar para mim, na verdade não estará me vendo. Estou a me abandonar, se nos encontrarmos, o sorriso que eu der, não é meu. É apenas uma faísca da alegria que eu tive quando o sentia dentro de mim, antes dele partir.

Despretensiosamente. Como quem vive, mas não sabe que se está vivo. Como quem não encontrou espaço suficiente para ser. Agora tenta sobreviver sem doar, sem receber.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de Laura Zalenga


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