Ponto

 
Faltava alguma coisa. Era meu silêncio que faltava. Perceber que não cabe mais nem uma simples resposta. Faltava meu silêncio pra dizer chega, chega desse vai e vêm, de me procurar quando seus hormônios te fazem lembrar de mim. Faltava me calar, na dificuldade em dizer não. O silêncio falaria por mim, que de tanto cortar sem plantar, sem cultivar, não há mais o que vir colher aqui. Restava o carinho de um passado nosso. Lembranças que cuidei sozinha, de um bem que fazíamos um pro outro, de descobertas que fizemos juntos, de um tempo bonito, mais importante que qualquer tesão pragmático. Mas todas essas vivências se ofuscaram. Seu vai e vêm deixou poeira em tudo, tirou a intensidade de qualquer vontade que eu ainda tivesse, e descartou o carinho. Saí dessa condição de deriva e espera, de aceitar suas aparições repentinas e o seu ir (ir pra outra)... E a serenidade que fica é eu. Resultado de uma paz que é quando você não me procura, com seus muitos desejos, com suas poucas palavras, e nenhum interesse em mim... Bem. O silêncio é seu, leva! E ponto.


Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de Autor Desconhecido



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