Falando-me

Às vezes é difícil desengasgar as duvidas que me assolam, me expressar, pontuar-me, por sobre a mesa meus sentimentos e pensamentos. Não sou o tipo de pessoa que fala por falar. Apenas a euforia do momento não é para mim motivo bastante para eu dizer, e me expor.

Não me apresento facilmente. Tenho medo de que a exposição do que penso e sinto se torne um hábito desregrado, sem sentido. Tenho medo que algum dia de tanto falar e escrever eu comece a falar por falar, escrever por escrever, comece a expressar inconstâncias e opiniões secas. Tenho medo de me transformar em um discurso vazio, num ser instável, sem raízes. Medo de me tornar um microfone que amplia opiniões insensatas, imaturas, incalculadas... Prefiro então a sinceridade da duvida, ou as minhas verdades no silêncio.

Interiorizo buscas e perguntas, encontrando o caminho da sabedoria ao sair do confortável e repensando alguns aspectos da minha vida. Nessa rotineira escolha por pensar, algumas vezes, eu mesma sou minha maior pergunta. Contradigo-me sendo eu. Eu sou e sendo já deixei de ser. As fases recheadas de mudanças e surpresas mudam meus conceitos, mudam-me, me alteram, me reconstroem ou me reafirmam. E os abandonos de opiniões e sentimentos não são errados ou problemáticos. O problema é ser mentira, ser escolhas mal pensadas, não pensar. O erro é entender a necessidade de uma reparação, mas continuar em afirmações incompletas, em ações errantes.

Dou-me aos desafios, querendo a autenticidade e ansiando respirar verdades - ainda que dolorosas - e peço a Deus condições para terminar minha lida falando e escrevendo cheia de vida, orgulhosa de meus frutos, estando em pé... Sendo que a vida que me preenche só veio se tornar vida mesmo quando Deus dentro de mim nasceu, quando em minha razão ele se ascendeu. E estar em pé, é ter quem me levante quando eu cair, limpe minhas feridas, cuide de mim.

Cada vez que alguém parar para me ouvir ou ler o que escrevi, quero que contemple o resultado de mim: uma obra veraz que ainda que incompleta e simples, é povoada de sentimentos puros e razão.

Assinado: Jotaefe Oliveira.
/Foto de Jack Batchelor


1 comments:

  1. Nossa que lindo Jéssica, não sei o que as outras pessoas enxergam ao lerem algo que você escreve, mas aos meus olhos posso ver vida de Deus, sinceridade e muito amor em tudo o que fazes. Parabéns por quem és, pelo teu lindo trabalho!!

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