E o homem criou um deus

O cristianismo é considerado a religião mais conhecida e defendida. Mas mais do que todos os anos anteriores percebo uma dificuldade das pessoas crerem realmente em Deus.

Porque ou o cristianismo é defendido com falácia e fanatismo. Ou pregado como chave para a prosperidade e tranquilidade absoluta. Ou simplesmente não é vivido, realmente entendido.

Uma parte crê em um deus inventado. Uma parte não consegue crer nesse mesmo deus. E uma terceira parte, uma minoria, ainda luta contra as invenções e infantilidades humanas que têm disseminado um cristianismo estranho, que não é o verdadeiro.

Não há serventia esse cristianismo mundialmente conhecido e tão falho, tão vergonhoso, nada transformador e cheio de controvérsias. Preferia poucos crendo em Deus. Do que muitos crendo nesse deus inventado.

Creio nas palavras de Cristo e no amor que ele pregava, creio na verdade que liberta e torna nova, completamente nova, a vida de quem a encontra. Mas não creio no cristianismo desse deus contemporâneo.

A dificuldade de os não cristãos crerem em Deus é causada pelos próprios cristãos que confortavelmente criaram suas imagens de deus baseados em suas errôneas interpretações da Bíblia a maneira que mais lhes convêm, que mais lhes beneficie. Esse não é Deus. Prefiro o Deus que criou o homem, nesse eu consigo crer. Esse me convence. Esse é real.

Envergonho-me do deus criado pelos homens. Não é esse o meu Deus. Não é ele o motivo das minhas crenças e defesas cristãs. Envergonho-me dos “cristãos” que defendem mais suas igrejas, seus cargos, exigem mais dinheiro do que amor. Envergonho-me do evangelho que muito tem sido discutido, mas tristemente defendido, sem sabedoria e sem temor algum. Envergonho-me do evangelho das indulgências, que exige algo em troca de bênçãos, que exige de nós um sacrifício excluindo o sacrifício maior de Deus por nós. Onde está um outro Lutero para revolucionar e trazer de volta o evangelho verdadeiro? Não tenho vergonha do meu Deus e nem de seus ensinamentos... Mas enquanto ignorarmos o casamento da fé com a razão para servimos com entendimento e consciência um evangelho puro, sem falhas, apenas seguido por homens falhos, mas instituído por um Deus perfeito e soberano, enquanto isso não acontecer, poucos serão os que crerão em Deus - o Deus que existe.

Orgulho-me dos cristãos que amam a Deus, cheios de honra e maturidade, com conhecimento sobre suas crenças e experiências de uma vida com Deus. Dos cristãos que não amam mais o cristianismo do que o próprio Cristo e não levam em suas mãos punhais, mas palavras de amor e paz. Orgulho-me dos cristãos que carregam em suas bocas a espada do amor, espada de dois gumes que corta tudo o que nos separa de Deus.

Deixem de seguir os deuses dos homens e os que se intitulam homens de deus. E passem a pensar nas palavras de Deus, passem a pensar no Deus que Jesus pregou, tão sabiamente defendido pelo apóstolo Paulo, tão mais fácil de ser aceito, pois não está baseado em falhas e interesses humanos e políticos. E que não prega um amor raso. Mas um amor que converte caminhos construindo homens honrosos em suas posturas de filhos de Deus, que não são santos, não devem ser adorados. São homens que buscam a santidade do amor e da comunhão com Deus, tão sublimemente vivida, não pelos fanáticos fieis, mas pelos apaixonados e respeitosos cristãos.

Assinado: Jotaefe Oliveira.
/Foto de Alex Timmermans


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