Difícil de acreditar

Novamente no chão, novamente aqui, solidão. Novamente, de novo, outra vez, de volta, retorno. Eu não estou acreditando nisso, nessas lágrimas descendo pelos mesmos motivos. Eu realmente não acredito, mesmo sentindo, mesmo vivendo, é difícil de acreditar! Que atitudes diferentes estão me levando a resultados iguais, que decisões diferentes estão me proporcionando às mesmas insatisfações.

Estou aqui repetindo os mesmos sentimentos, com decepções antigas, vivendo contradições antigas, recebendo palavras que eu já ouvi, quando não é o silêncio que volta a me machucar. Mais uma vez confirmo duvidas, perco esperanças, vou sendo apagada, sendo resumida, sendo ignorada, recusada.

Fiz escolhas diferentes, mudei os caminhos, mudei os lugares, troquei a direção dos olhares, apaguei as lembranças, comecei um novo livro, sem arrependimentos, sem saudade, apenas novas tentativas, novas fórmulas. Refiz minhas reações, refiz meu jeito, me reformei para alcançar o novo, encontrar objetivos novos, com menos expectativas e mais naturalidade, me enchi de vida, de alegrias, de música e boas vontades. Mas eu já vi essa cena antes! Já me fizeram passar por isso. Eu passei por esses mesmos erros. Eu sei o resultado do que está acontecendo, do que estão deixando acontecer, eu conheço essa situação, e não há algo novo aqui, não foi por isso que eu quis, não foi isso que eu escolhi! Os meus passos não deviam ter chegado aqui, o endereço não era esse. O destino não era esse. No seu sorriso eu via outro lugar, outras situações, nos seus olhos o lugar era bonito, não era nesse escuro, nesse frio. Como eu pude acreditar? Como eu posso continuar acreditando?

De onde eu vim, não posso voltar.
Lá não tem mais espaço para mim, para tanto de mim.

Eu só preciso de alguém que não me ache difícil demais para cuidar. Alguém que mesmo na distância conseguisse apagar minhas carências, alguém que não se despeça na primeira dificuldade, no primeiro desafio. Eu ainda devo esperar por alguém que me queira tanto ao ponto de lutar por mim? Esse alguém existe? Eu existo? A impressão que eu tenho é que em cada desilusão eu acabo perdendo um pouco de mim. Resta algum pedaço de mim ainda para continuar? Eu quero continuar?

Não quero continuar. Não preciso que alguém entenda essa minha decisão. Não faço questão de me explicar. A falta das minhas palavras talvez seja melhor. Talvez minha ausência faça bem. Pode ser que minhas esperas nunca sejam saciadas. Porque não tenha quem me queira tanto a ponto de se importar com elas.

De tudo, eu só queria estar errada. Meu maior desejo é que alguém lance fora todas essas minhas afirmações, mostrando-me as verdades que não enxergo, por cumplicidade, por amor. Mas eu não consigo, não consigo acreditar mais nisso... Está difícil.

Assinado: Jotaefe Oliveira.
/Foto de Aleksey Andrushow


0 comments:

Postar um comentário

 

Blog Archive

Visits