Precaridade do ser

A inquietude do ser impede de desfrutar plenamente o presente. Por isso muitas vezes as memórias são mais amadas, ou o que pode ser é mais querido do que tudo que é.
O que não se tem parece muito mais desejável do que o que foi alcançado. Renuncia-se muito pela busca do novo, do outro, do que está a frente, ao invés do que está aqui e agora. Empenha-se muito em conquistas, pela novidade, submetendo-se à espera, às angustias, ignorando incertezas, arriscando-se. Esquecendo-se que até mesmo o presente se altera – que o hoje é novo para o ontem – que não é preciso mudar de casa quando algum móvel se quebra ou alguma parede se desgasta. Esquecendo-se que o que se tem é em virtude do que se quis. Por que deixou de se querer ao possuir?
A incompletude do ser faz parecer que nunca é o suficiente. O presente mesmo belo por ser presente, para muitos, dificilmente será o bastante. Mas anseio que não fique tarde, que não seja preciso perder para reconhecer o valor do presente que tinha. O ser destila-se em esboçar, até quando está bom, não está.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de Megan Christine



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