Separação


A garganta se aperta, o corpo gela, uma briga interna para que as lágrimas não rolem. Uma sobrecarga de emoções, uma pane de pensamentos, e vontades que ficam engasgadas no coração. Vontade de sumir e reaparecer em outro dia, outro lugar, que seja isento de angústias, suscetível apenas a bons momentos e lembranças.

Tentei diferentes maneiras de explicar as mesmas coisas, e com nenhuma das explicações alcancei o abrigo da aceitação e do entendimento. Torci até a última gota de palavras, fui até o último suspiro de força, mas perdi... Cada um partiu para um lado, sem chances de uma nova ligação, sem chances para novas sintonias e consentimentos.

Agora me inundo de mim mesma, e ao mesmo tempo tento esvaziar-me para as paredes, mas toda expressão de mim que jogo para elas volta, mais intensa, mais perturbadora. Queria ter um momento para esquecer que voltei a ser sozinha, com meus defeitos.

Queria dormir em paz com o travesseiro e com quem sou. No entanto, não encontrei jeito. Molhei-me de dilemas, matei cada sonho que tinha com a ansiedade que sobrou, com julgamentos que machucaram, e sentimentos interrompidos. Sinto a falta, sufoca a ausência, lateja a dor, que amarga o sono, as esperanças. Saudade irresoluta. Separação.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Foto de Steve Harper

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