As lágrimas

As lágrimas que por você derramei me fizeram renascer. Escorriam pelo meu rosto as mágoas enquanto meu coração abria espaço para a maturidade.

Renuncio a dor e abraço o crescimento como alguém que soube valorizar a crise. Descobri que é no conflito que o verdadeiro, o bom, o puro, se apresentam face a face... Assim como o desnecessário e de valor algum gritam seu próprio desprezo e futilidade. Em seguida, é com facilidade que separo o digno do descartável. Guardo em mim o essencial e fortaleço-me, levanto-me leve, com a segurança de que para trás fica o que não teve raízes para permanecer, não teve motivos para comigo continuar.

As lágrimas que derramei foram resultado de momentos inteiros de um coração quebrado. Coração esse que por cada rachadura é pelo oleiro reconcertado mais forte, mais vivo, mais completo, mais preparado para receber as flores das primaveras que se aproximam.

As lágrimas que derramei não foram em vão. Ainda que em dor, tiveram sua importância, meu respeito e souberam regar a realidade, limpando-me com verdades.

As lágrimas que rolaram, não sei para onde, sei que secaram. Sozinhas ou com ajuda, hoje não tem mais para elas espaço, são passageiras e se contentam nisso - ainda bem. Vão silenciosas pelas portas dos fundos, dando seu lugar para a prontidão dos meus sorrisos, dos bonitos motivos que tenho de pulsar feliz.

As lágrimas são o preço bem pago pelo que não tem preço que pague: a metamorfose. Não devem elas serem cultivadas nem tão pouco honradas. Dê a elas algum ombro amigo e as lágrimas de uma ou outra maneira, encontrarão mais que angústia e insatisfação em seus motivos.

As lágrimas, são águas, salgadas, em gotas, que somem no lenço, no papel, nas mãos, no travesseiro, na toalha, na coragem, no ombro do amigo, nas palavras de amor... As lágrimas, passam, bem como suas causas.

Assinado: Jotaefe Oliveira.
/Foto de Sara Melotti


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