Meu amor

Não guardo amor. Não espero alguém para amar. Amo enquanto é tempo. Amo um sorriso, um gesto ou um coração bonito. Amo pedaços de amor recortados em diferentes momentos. Amo enquanto posso. E sempre quero. Amo quem está. Com saudades de quem passou. Mas amor mesmo só a quem é. Sem me desperdiçar com quem deixou.

Ainda que isso fuja os padrões ideais de amor. Me entrego em pedaços inteiros de carinho, sem pesos ou planos. Me entrego livre de acordos. Amando a simplicidade de ser e sentir. Ainda que num eterno vai e vêm de chegar e partir. Mas por que esperar alguém para amar se posso amar sem remeter a alguém? Amo a gratuidade dos afetos, abraços, conversas e olhares. Extraio o máximo que eu puder dos encontros, pois todos remetem a uma partida, e até eu vou partir um dia! E antes que minha ida seja definitiva, deixo amor. Deixo em medidas modestas e ingênuas. Sem ter quem.

Amar preenche e transborda o riso, o espírito, e talvez seja isso. Amo para me transbordar, cuidando de mim, amo porque sem amor eu sei - e prefiro não saber de tudo. Prefiro sim amar e declarar sensibilidades ou dúvidas, do que manter minha razão... Eu quero me perder. Quero me achar. Quero a descoberta e a novidade. Quero a culpa, a gratidão e o perdão. Quero um amor além das barreiras sociais, sem esses vestidos da moral e dos costumes que descentralizam o objetivo real de amar alguém. Quero um amor sem as roupas do senso comum, um amor nu.

Acredito que amar seja o maior bem que eu possa fazer a qualquer um. E a mim. Então não guardo o bem maior que tenho! Não espero ter quem me faça bem... Amo de modo desinteressado os benefícios gratuitos que recebo. E então retribuo. E talvez nesse caminho, alguém cative em mim um amor sem ser preciso recortar carinho. Talvez. Está incluso a possibilidade de isso não acontecer. Bem... Ninguém sabe. Eu não sei.


Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Fotos de Autores Desconhecidos


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