Abraço

Me olhe arrepiar. Sou cada fio de cabelo que se levanta em reverência à essa sensação inexplicável. Me veja flutuar - nessa brisa que desarma, desmancha, bagunça... Me veja dançar, nesse dia lindo, sem me importar se a roupa caiu bem, o cabelo que esqueci de pentear, as janelas que deixei abertas, o riso que desliza durante os encontros, desencontros e conversas. Sinta o contato que meus olhos estabelecem com o seu corpo. Num simples instante, me deixo em você e te levo um pouco. O ritmo que passeia pela sua cabeça, acelera minha respiração. O coro que ecoa nas avenidas quando o céu anoitece, movimentam em mim desejos... A noite fica parecendo dia, e os dias, com a sensibilidade das noites. Ei, não fique só me olhando. Aproxime-se! Me dê a loucura de um abraço. Enlouqueça-se comigo. Não quero sua entrega, quero você se pertencendo numa irracional aproximação. É que está bom demais pra ser verdade. E prefiro parar por aqui. Não quero amanhecer em nenhum extremo, acordar com alguma ressaca desagradável, como se os risos da madrugada tivessem sido em vão... Quero a loucura de estar junto, sem fugir do que quer que seja, sem fugir até de uma possível e iminente renúncia ou desaprovação... Mas podemos descobrir algo novo e contrário. Fazer do fim do abraço uma contradição. São tantas incertezas! Mas eu ainda danço com elas. Aceitemos a realidade. Vai, dê mais um passo em minha direção. Me toque... Me sinta. Encontre eu do jeito que és, que sinto você do jeito que sou... É que por mais seguro que seja estar sozinha, bem, eu ainda prefiro estar junto, num abraço.

Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Fotos de Autores Desconhecidos

 

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