Outra vez

Eu estou de volta. De volta ao que não é meu, ao que não é seu, ao que não é nosso, ao que não pode ser, ao improvável, ao que não foi deixado... Foi apenas redescoberto, reafirmado no livre, no normal, no não conquistado.
Eu estou de volta. Ao que não deu certo, ao descontentamento, a saudade, a ausência. De volta ao meu medo, ao que não quero, ao que fujo, sendo o que eu odeio ser: minhas escolhas deficientes, atrasos, perdas, um quase perfeito em uma completa insatisfação.
Eu estou de volta, querendo de novo, querendo o que voltou distante, voltou a ficar longe, o que não chegou, só se sonhou...
Eu estou de volta ao primeiro estado, a primeira confissão, ao início... Estou de volta aos velhos ideais, aos conhecidos discursos... Sem evolução, sem encontros, sem abraços, sem companhia... Retomando a espera.
Queria eu deixar de voltar, deixando acontecer, sem planos, sem muitas pretensões... Até sem grandes investimentos, sem grandes depósitos, com menos entregas... Talvez. Talvez seja essa a solução.
Queria eu ser menos duvidas, menos buscas, menos de mim. E me arriscar mais. Sendo apenas minha ousadia e minha coragem, jogando fora minha outra frágil metade... Pois se a vida é tão uma, sem chance de renascer, por que essa insistência toda em voltar?
Queria tão somente não retroceder, abandonar os círculos, as partidas sem chegada, os passos para traz, continuar... Dar um adeus ao recomeço e desistir da insegurança que ele traz.
Não peço para ser fácil. Encontro fé na realidade sem ser necessário um pouco de ilusão. Estou disposta a demorar, a me desgastar, e nisso me cultivar.
E pode ser que um dia, numa outra vez, quem sabe, alguém me faça esquecer, o que é ficar aqui, sozinha.. e esse alguém então me leve para o sempre, e de lá nunca mais.. me permita voltar.

Assinado: Jotaefe Oliveira.
/Foto de Autor Desconhecido


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