Consigo ver o que não foi dito
mas não consigo tocar
Consigo ouvir o que passou rápido
desapercebido, escondido
Um oceano afoga minha visão
rasgando meu discernimento
a revelação do que não foi vivido
a exposição das coisas que mereciam
uma importância que eu não dei
Posso sentir as palavras que traduziam sentimentos bonitos
mas que foram expulsos dos seus caminhos
ausentando toda e qualquer condição
de serem saciados e o prazer multiplicado
Posso sentir a lembrança do que poderia ter sido
como se o momento exato daquele não
fosse novamente iluminado para encontrar um sim
Sendo encharcada
afogada
nesse abismo de vida
ventania
que treme o chão
pulsa a terra
rachando as contradições
quebrando e destruindo a dor o medo
esfarelando a culpa
e qualquer resquício de saudade
Um terremoto vem me engolir
e dilacerar de dentro para fora
...eu quero viver
Ora
pois
viva
Eu posso sentir a esperança como uma platéia
uma torcida em euforia
avisto quinhentas vontades na fila
silenciosas
milhões de expectativas
apenas viva
respiração lenta, compassada
a flor da pele se abre
geme
e sussurra
É agora
o que não foi dito, ouvido, admirado
se desaloja da vontade
deixa o porto e navega
entra mar a dentro
sem mapa, bússola ou destino
Só vida
Só viva
ainda que seja só
Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Fotos de Autores Desconhecidos
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