Meio termo

Fui de um extremo ao outro e posso dizer com convicção: recuso a ambos. Nem de menos e nem de mais me representam.

Recuso a liquidez de escolhas e relacionamentos, agir como se só importassem as embalagens e o que elas me proporcionam. Assim como recuso relacionamentos secos e asfixiantes, de plataformas e formas preconcebidas por padrões sociais ou dogmas. Eu quero o meio termo.

Eu quero sair essa noite, pra passar o tempo, mas não quero passar pessoas. Não quero usar corpos, sair e pesquisar nas prateleiras os que me agradam, ou os que me escolhem ou me aceitam de igual modo. Quero sair e abraçar encontros, cultivar sintonias. Não quero desperdiçar minha simpatia por relacionamentos sólidos.

Eu reconheci a liberdade que buscava na escolha por um, e não me entretendo em vários. Quando me entreguei aos extremos, sendo de menos, perdi oportunidades incríveis e experiências maravilhosas, me ofusquei e me fiz pequena. Quando me entreguei aos extremos, sendo de mais, perdi a chance de ser inteira, me achei grande, mas completamente vazia.

Eu quero o meio termo. Quero essa liberdade que conquistei, ou melhor, essa liberdade a que me permiti. Mas não quero que os excessos me aprisionem e eu esqueça o melhor de mim. Meu melhor encontrei no equilíbrio. Mas sinceramente não me equilibro bem. Acabo caindo, quebrando a cara... Mas volto pra corda e tento de novo.

Eu quero o meio termo, acordar com minha consciência tranquila. De que escolhi não talvez a melhor das opções, isto é, a opção mais atraente, ou a mais fácil, mas escolhi a que mais me descrevia, ou melhor, a que eu quero me escrever.

Eu quero o meio termo. Ser livre com alguém do lado. Cultivar a liberdade não de metades que se completam, mas de dois inteiros que se juntam em um relacionamento. Ambos sendo independentes, com suas diferenças e formas de pensar, em seus gostos e interesses, mas ambos ligados por uma puta vontade de estarem juntos. Quero passeios ao ar livre com amigos e no final do dia, dormir abraçado com um, que na verdade é o mesmo, de todos os dias. Descobrir com o mesmo, novos sabores e destinos. Sem planos ou pesados compromissos.

Eu quero o meio termo, e me sinto pronta, desejável pra ele. Me despi de limitações e de passatempos, de barreiras e superficialidades... Meu corpo, minha mente e alma, estão como nunca se encontraram: tão livres e puros. Estou nua diante minhas vontades. E vontades específicas não aceitam qualquer coisa, ainda que qualquer coisa pareça muito.

Eu quero a incerteza de me doar pra alguém, estar suscetível a todas as duvidas e alegrias que isso envolve. Sem promessas ou pressa. Sem de mais, e PELAMOR, sem de menos!


Assinado: Jéssica Flávia Oliveira.
/Imagem de Jarek Puczel


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